ENE 18 (Cafepoint)–O mundo enfrenta um terceiro déficit sucessivo na produção de café, apesar da estimativa de consumo enfrentando um declínio incomum, afirmou a Organização Internacional do Café (OIC).
A OIC, em suas primeiras previsões para a oferta e demanda globais de café em 2016/2017, em uma base de outubro a setembro, previu uma produção de 151,6 milhões de sacas, um aumento de menos de 200 mil sacas com relação ao ano anterior.
Embora a produção de arábica deva alcançar um recorde de 93,5 milhões de sacas, impulsionada por fortes resultados no Brasil e na Colômbia, os dois principais países produtores, os volumes de robusta, deverão cair em 6 %, para o menor volume em quatro anos, de 58,2 milhões de sacas.
No Vietnã, maior produtor de robusta, a OIC disse que “as perspectivas para 2016/2017 são menos positivas, com a seca no início do ano de 2016 provavelmente afetando a produção”, que caiu em 11,3%, para 25,5 milhões de sacas.
A seca nas áreas de produção de robusta no Brasil também deixou o país com “disponibilidade de exportação insignificante” da variedade, enquanto a produção da Indonésia, outro importante produtor de robusta, caiu em 18,8%, para 10 milhões de sacas.
“Além disso, o vibrante mercado de consumo interno reduzirá a disponibilidade de exportação”, disse o OIC.
Ainda assim, a organização revelou uma queda em suas previsões de consumo para 2016/2017 também, em 600 mil sacas – uma ocorrência rara em um mercado em que a demanda mundial está tipicamente sendo vista como aumentando em cerca de 2 a 2,5% ao ano.
Entretanto, a OIC pediu cautela ao traduzir esta tendência para o consumo real de café, dizendo que a força em sua estimativa para 2015/2016, que foi aumentada em 4,4 milhões de sacas, para 155,7 milhões de sacas, pode refletir o aumento dos estoques.
“É possível que parte dessa mudança possa ser atribuída a aumentos nos estoques que não são registrados oficialmente, ao invés do consumo real”, disse a OIC. “O consumo em 2016/2017 pode mostrar uma redução estatística, uma vez que esses estoques são absorvidos no mercado, apesar do crescimento global no mercado”.
Os comentários concordam com uma observação feita no início desta semana pela analista, Judith Ganes Chase, de “estoques suficientes [de café] nas mãos do consumidor”, uma ideia apoiada por fortes dados de exportação de café. “Para um mercado que tinha apresentado tendência de alta anteriormente por causa das ofertas apertadas, eu ainda não vejo isso”, disse Ganes Chase. “Os dados de exportação da OIC apontam para grandes envios e provável esvaziamento dos estoques por parte dos produtores para aproveitar os melhores preços”.
A OIC disse que os dados dos primeiros dois meses de 2016/2017 mostraram que as exportações “já estão 1,5 milhão de sacas mais altas do que no ano passado, em 19,5 milhões de sacas, com as exportações totais nos últimos 12 meses atingindo 117,6 milhões de sacas”.
A OIC também destacou o apoio dado aos preços do café robusta, em comparação com os valores do arábica, dizendo que “os preços nos mercados futuros refletiram esses desenvolvimentos”.
“A possibilidade de uma safra recorde no Brasil em 2016/2017 colocou uma pressão descendente sobre os preços do arábica. Os preços do robusta, por outro lado, fortaleceram-se à medida que as chuvas no Vietnã prejudicaram a oferta”.
O premium nos futuros do arábica sobre o robusta – o chamado ‘arabusta spread’ – “estreitou consideravelmente, atingindo um valor mínimo em 35 meses, de 42,58 centavos a libra em 28 de dezembro”.
O spread ampliou à medida que os preços do arábica tiveram um forte início em 2017, subindo em 9% até agora, em meio a compras atribuídas em parte a fundos de índices, realizando seu processo anual de reponderação de portfólio, mas também das torrefadoras, que mudaram parte da demanda para grãos arábica.
As torrefadoras “consideraram os cafés robusta como um componente de desconto oportunista, dentro de seus blends de café, em sua maioria, arábica”, disse I&M Smith.
A I&M Smith também sinalizou um potencial para o relatório da OIC, ao mostrar um terceiro déficit de produção sucessivo em 2016/2017, que deve oferecer algum suporte aos preços.
“Não há dúvida de que os números da OIC – juntamente com algumas preocupações sobre as perspectivas de déficit inquestionável no fornecimento de café robusta para o atual ano cafeeiro com mais preocupações em longo prazo sobre as perspectivas para a nova safra do Brasil de 2017 – devem contribuir para limitar o potencial negativo para os mercados terminais de café”.
O anúncio feito na quarta-feira pela JM Smucker de aumentos de 6% nos preços de marcas de café, como Folgers e Dunkin ‘Donuts, também “indica a opinião respeitada da indústria no potencial para a flutuação de longo prazo do preço do café, que ajudaria a inspirar algum grau de confiança positiva do mercado”.
As informações são do Agrimoney/ Tradução por Juliana Santin; http://m.cafepoint.com.br/noticias/internacional/mundo-enfrenta-terceiro-deficit-na-producao-de-cafe-diz-oic-103662n.aspx
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