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6719 views April 14, 2016 posted by Maja Wallengren

THE COFFEE COLUMN: Por que devemos nos preocupar com a crise do café?

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*Dos arquivos perdidos do café por SpillingTheBeans, muito relevante ainda hoje!

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Por Maja Wallengren

MAR 20, 2002 (Oster Dow Jones)–Meio bilhão de pessoas do globo terrestre, 8,1% da população do mundo (de 6,2 bilhões), depende da indústria do café para sua sobrevivência parcial ou total.

Mesmo assim poucas pessoas da indústria, e ainda menos os legisladores, conhecem esse fato. É um problema que demanda atenção urgente, já que os países produtores enfrentam sua pior crise na história devido a baixos preços globais.

Café é apenas uma pequena cereja vermelha, que produz poucos grãos. Você o colhe, torra, côa e bebe. Pode ser inteiramente sem importância para a dieta humana, mesmo assim, é uma das maiores mercadorias transacionadas do mundo.

Surpresa é a resposta padrão para o tamanho do mercado de café, quando esse jornalista encontrou um representante de comércio do USA, Robert Zoellick, num evento no México no ano passado: “É mesmo? Eu não tinha idéia”, disse Zoellick.

“Não há real conhecimento e esclarecimento em nível de políticas comerciais nos países industrializados, e os legisladores não estão conscientes da crise que a indústria de café está enfrentando. Nós precisamos educá-los para melhorar o nível de clareza e consciência”, disse Nestor Ozório, o novo Diretor Executivo da OIC.

Informações atualizadas de café podem ser encontradas em home pages da maioria das instituições financeiras e de desenvolvimento, tais como, Banco Mundial, BID, FAO e Organização Mundial de Comércio.

Ozório declarou que uma das suas primeiras prioridades desde que assumiu a OIC em 1º de março, é colocar a crise do café na agenda global.

Aqui estão alguns fatos e dados sobre a indústria de café, não conhecidos amplamente:

De acordo com o Banco Mundial, há 25 milhões de pequenos cafeicultores na África, Ásia e América Latina, que dependem do café como única fonte de renda, suportando uma média de 125 milhões de pessoas no total, baseado no tamanho médio de 5 pessoas por família rural no mundo em desenvolvimento.

Direta ou indiretamente cerca de 500 milhões de pessoas dependem do café, disse Panos Varangis, do Departamento de Desenvolvimento Rural do Banco Mundial, falando na Convenção Anual da Associação Nacional de Café dos USA em Miami, no início deste mês.

TAMBÉM IMPORTANTE NA ECONOMIA DOS PAÍSES RICOS
Um fato que é sempre ignorado – se por conveniência a fim de evitar questões políticas difíceis ou se porque é simplesmente desapercebida – é que o café é uma importante indústria e fonte de trabalho mesmo nos países ricos.

“Pense nele, e realmente é tudo, dos copos de papel aos guardanapos, as pessoas que o vendem e mesmo televisões e carros em que pessoas empregadas da indústria do café saem comprando são de alguma forma financiados pela riqueza da indústria de café”, disse Rick Peyser da Green Mountain Coffee Co.

De acordo com estatísticas da NCA, a principal companhia de Café nos USA, que continua sendo o maior consumidor em volume total, o mercado de café nos USA representa cerca de 150 mil empregos em tempo integral ou parcial.

No total, 3,1 bilhões de libras de café é importada anualmente pelos USA, ao valor de US$ 2,7 bilhões, que se traduz num valor total de varejo para o produto acabado em US$19 bilhões, de 161 milhões de tomadores de café com idade superior a 18 anos.

Mas, como notado por Ted Lingle, Diretor Executivo da Associação Americana de Cafés Especiais, o dado real é muitas vezes maior, já que não considera uma grande participação dos empregos indiretamente criados pela indústria cafeeira em áreas como, atacado, equipamentos de processamento, transporte, portuários, armazenamento e empacotamento.

“Onde o mercado de trabalho dramaticamente se expande é no setor do varejo, e se você considerar que em cada 1000 consumidores, 1 (um) está envolvido em alguma parte do comércio do café, então 1,6 milhões de trabalhadores está de alguma forma, direta ou indiretamente envolvido no negócio café “, disse Lingle.

Pessoas da indústria de cafés especiais, disseram que, enquanto a taxa nos países produtores é de 1 (um) emprego direto para 5 (cinco) empregos indiretos, esse número deve ser maior nos países industrializados, onde muitos outros produtos correlacionados, como copos de papel e guardanapos, são fabricados em decorrência do café.

No Japão, o 3º maior consumidor em volume de café, a Ueshima Coffee Co, está estudando a importância do café no setor de emprego japonês, e dados preliminares mostram que, cerca de 3,1 milhões de empregos, ou 4,6% do total da força de trabalho está relacionada com o negócio café.

“Isso é grosseiramente falando e obviamente, muitos desses empregos não são tempo integral ou diretos, mas definitivamente a indústria de café é muito importante para a economia japonesa em termos dos muitos empregos que cria.”, Makoto Tsujimoto, Diretor da Divisão de Mercado Internacional da UCC, o maior torrador japonês.

Sandy McAlpine, presidente da Associação Canadense de Café, disse que, de acordo com as estatísticas oficiais no Canadá, a indústria cafeeira gera 75 mil empregos diretos num país de 30 milhões de pessoas.

“O café é o produto número 1 (um) no Canadá e o maior item singular em serviços no negócio de alimentos, com 975 mil empregos, representa 6,5% de toda a força de trabalho”, disse McAlpine.

A Associação Russa de Torradores de Café e Chá, estima que cerca de 30 mil empregados estão engajados no negócio café, incluindo processamento, distribuição, cafeterias e áreas relacionadas ao comércio tal como, embalagem.

Um estudo, há dois anos, da Federação Européia de Café/Amsterdã, constatou que 40 mil empregos diretos são criados pela indústria cafeeira, manuseando um volume de 1,8 milhões de toneladas ou 30 milhões de sacas, gerando negócios de US$ 13 bilhões. Mas isso não inclui os empregos nas cafeterias.

Mick Wheeler, Presidente da Associação de Cafés Especiais da Europa, disse que isso não reflete o impacto real em emprego que a indústria de café tem na Europa. Wheeler estima que os mercados especiais na Europa Leste e Oeste, incluindo cafeterias de cafés especiais, assim como, qualquer estabelecimento que serve uma xícara de café de qualidade, num ambiente especial no total, emprega cerca de 500 mil pessoas.

Na Itália, o 3º maior importador de café na Europa, importando anualmente cerca de 5 milhões de sacas, estudo recente de um grupo de torradores italianos mostrou que os italianos tomam 70 milhões de xícaras de expresso, todos os dias, em 110 mil cafeterias, empregando, cada uma, em média, 3 pessoas.

Susan Mecklenburg da Starbuks Coffee Co, disse que a cadeia americana emprega agora 60 mil pessoas mundialmente, a maioria trabalhando no USA, Japão e Europa. Esses empregos são gerados do comércio de café, correspondente a 1% da produção mundial.

Se especularmos que esse dado é representativo de todo o comércio de países importadores, baseados na produção mundial atual de cerca de 115 milhões de sacas de 60 Kg e exportações de 89 milhões de sacas, isso seria transferido a um total de 4,644 milhões de empregos.

Sim, os produtores criaram a super oferta que é a principal causa dos baixos preços atuais e a raiz da crise corrente. Mas graças a esses mesmos produtores, o café é o principal negócio internacional responsável pela criação de vários milhões de empregos nos USA, Japão e Europa.

Deveríamos nos preocupar em ver essa atividade sobrevivendo no próximo século? Você decide!!

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–Por Maja Wallengren, OsterDowJones, 2002

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